Diabetes está relacionado ao aumento de peso médio da população brasileira
Daniele Tokars Zaninelli*
A insulina é produzida pelo pâncreas e liberada na circulação sempre que os níveis de glicose sobem - o que ocorre após as refeições - mantendo em equilíbrio as taxas de açúcar no sangue. O diabetes surge quando o pâncreas não consegue mais produzir insulina em quantidades suficientes (diabetes tipo1) ou quando existe falha na ação e/ou secreção da insulina (diabetes tipo 2).
A incidência do diabetes está aumentando em todo o mundo. Isso pode ser explicado pelo excesso de peso da população, principal fator de risco para o seu desenvolvimento. Quando existem familiares com diabetes o risco é ainda maior. Atualmente, cerca de 13 milhões de brasileiros convivem com a doença.
O diabetes tipo 2 é o mais comum, sendo responsável por 9 em cada 10 casos. Era conhecido como o diabetes "do idoso", porém, os jovens têm sido afetados numa proporção cada vez maior. Pessoas com risco elevado devem ficar atentas, pois é possível prevenir o desenvolvimento da doença. Se o diabetes já estiver instalado, a detecção precoce e o tratamento adequado previnem suas complicações.
Não devemos esperar pelos sintomas característicos da doença, como perda de peso inexplicada, aumento do apetite, aumento da sede e da vontade de urinar, pois, quando os sintomas aparecem, a doença já está descompensada. Nesse caso, pode-se afirmar que houve um atraso de cerca de 10 anos no seu diagnóstico.
Taxas cronicamente elevadas de glicose no sangue aumentam as chances das complicações crônicas da doença, como alterações visuais, prejuízo da função renal, problemas vasculares e neurológicos, que podem culminar com a amputação de membros, além de alterações cognitivas e aumento do risco de fraturas ósseas.
Já a esteatose hepática (popularmente conhecida como gordura no fígado) está presente em cerca de 40 a 70% dos diabéticos. Pode causar sintomas como desconforto abdominal e cansaço, mas, em geral, é descoberta de forma acidental durante a realização de exames de sangue ou de uma ecografia. Pacientes diabéticos e aqueles com excesso de peso têm um maior risco de apresentar doença progressiva (cirrose), algumas vezes com necessidade de transplante hepático.
Muitas vezes, a oportunidade de prevenir essas complicações é perdida, pois muita gente tem medo de realizar os exames, pensando que se receberem o diagnóstico terão que fazer grandes restrições no seu dia a dia, o que não é verdade. As recomendações quanto à alimentação e exercícios físicos são as mesmas utilizadas para a população geral, ou seja, preconiza-se a manutenção de um peso saudável através de alimentação equilibrada, além da prática regular de exercícios físicos. O segredo está em planejar e organizar as refeições, com melhores escolhas alimentares e atenção às quantidades consumidas.
Uma série de medicamentos têm sido desenvolvidos, possibilitando o controle adequado dos níveis glicêmicos. Em conjunto, essas medidas têm diminuído a mortalidade e melhorado a qualidade de vida dos pacientes diabéticos. Então fique atento: procure fazer acompanhamento médico e exames de sangue regularmente, pois isso pode mudar o seu destino!
*Dra. Daniele Tokars Zaninelli, endocrinologista do Hospital VITA