Uso de ácido acetilsalicílico deve ser suspenso em caso de suspeita de dengue
Substância presente em medicamentos analgésicos e anti-térmicos pode agravar sangramentos em casos graves da doença
Trinta e cinco municípios do Paraná foram listados pela Secretaria da Saúde, no último mês de novembro, como em situação de risco ou alerta para ocorrência de dengue, devendo melhorar suas ações de combate. Desses municípios, 25 já enfrentaram epidemias da doença nos últimos seis anos e 13 regiões do Estado ficam em situação de médio risco para o desenvolvimento do mosquito transmissor. O motivo são as recentes chuvas, que, aliadas ao forte calor, propiciam a reprodução do Aedes aegypti. A informação está baseada no monitoramento do Laboratório de Climatologia da Universidade Federal do Paraná, que avalia 18 estações climáticas em todo o Estado.
O Paraná já registrou mais de 50 mil casos confirmados de dengue desde agosto de 2015. Desse total, mais de 60 pacientes faleceram devido a doença e alguns deles com dengue hemorrágica que, no início, tem os mesmos sintomas da dengue comum, e acaba por evoluir com outros sinais de alarme, como dores abdominais fortes e contínuas, vômitos persistentes, pele pálida, fria e úmida, sangramento pelo nariz, boca e gengivas, sonolência, agitação e confusão mental, sede excessiva e boca seca e até perda de consciência. Nesses casos, o quadro clínico pode se agravar rapidamente apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa à morte em até 24 horas.
No caso da dengue comum, os sintomas se manifestam normalmente entre o 3º e o 5º dia após a picada e o tempo médio de duração da doença é de cinco a seis dias, apresentando febre alta com início súbito, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, perda do paladar e apetites, vômitos, tonturas, cansaço extremo, manchas e erupções na pele.
Por ter sintomas muito parecidos com os da gripe e resfriados, muitas pessoas acabam se automedicando. Um alerta, nesses casos, se faz necessário, pois o consumo de ácido acetilsalicílico pode agravar o quadro dos pacientes com dengue hemorrágica. De acordo com a diretora médica do Laboratório Frischmann Aisengart, Myrna Campagnoli, o ácido acetilsalicílico é encontrado em medicamentos analgésicos e anti-térmicos de uso comum no dia a dia. Nesses casos, a substância pode potencializar os sangramentos. “O melhor tratamento é com analgésicos simples, como o paracetamol. Porém, é importante ressaltar que a automedicação não é indicada e o paciente deve procurar um médico imediatamente em caso de suspeita de dengue”, alerta.
Uma dúvida comum da população é a respeito do uso de antibióticos no tratamento da dengue. “Dengue é uma virose e, como toda virose, não se trata com antibióticos”, diz a médica, que também explica que as doenças bacterianas que são tratadas com antibióticos devem apresentar melhora entre 48 e 72 horas após o início do tratamento. Pacientes que não melhoram nesse tempo ou que registram piora no quadro de saúde devem retornar ao médico para reavaliação.
A população, neste segundo semestre, passou a contar com um novo aliado no combate à dengue: a vacina. Quem não preencheu os requisitos da vacinação pública pode contar agora com o serviço particular, como é o caso do Laboratório Frischmann Aisengart. Segundo estudo publicado no New England Journal of Medicine, a vacina contra a dengue teve eficácia em 93% dos casos graves da doença e reduziu em 80% as internações e foram testadas em cerca de 3,5 mil voluntários no Brasil, que tomaram doses da vacina durante três fases de pesquisa clínica.
A imunização completa é dividida em três doses que devem ser tomadas a cada seis meses e é recomendada para pessoas entre nove e 44 anos.