Roda Aí, da RPC, realiza aula inaugural com destaque de Cannes

Roda Aí, da RPC, realiza aula inaugural com destaque de Cannes

João Paulo Miranda Maria contou como produziu um curta com o orçamento de uma rifa que arrecadou R$500 e recebeu menção honrosa no Festival 

A abertura do projeto Roda Aí, da RPC, no dia 31 de maio, apresentou aos 90 selecionados uma aula inaugural inspiradora. O encontro teve a palavra do diretor de programação da RPC, Carlyle Ávila, que recepcionou os participantes e falou do momento da comunicação e dos pilares do projeto. 

“O desafio do Roda Aí, e que vamos discutir nos próximos seis meses, é redesenhar o modelo de trabalho de comunicação. E para fazer isso bem, é preciso estar em sintonia com a sociedade, conhecer bem que tipo de conteúdo audiovisual as pessoas estão consumindo”, disse o diretor. Carlyle lembrou que o foco do Roda Aí é compartilhar conhecimento, para criar de forma rápida e inovadora. “Esse é o aprendizado que o profissional de comunicação precisa ter hoje, além de um novo olhar, saber trabalhar de forma multidisciplinar como nós teremos aqui”, disse no discurso de boas-vindas. 

Depois quem conversou com os estudantes foi João Paulo Miranda Maria, selecionado em 2015 e premiado em 2016 na competição oficial de curta-metragem do Festival de Cannes. O cineasta de Rio Claro contou sua trajetória, desde quando começou o projeto coletivo Kino-Olho na cidade até chegar ao festival com os curtas “Command Action” e “A Moça que Dançou com o Diabo”. 

Em “A Moça que Dançou com o Diabo”, que retrata uma lenda do interior paulista, o orçamento foi resultado de uma rifa que arrecadou R$500, o que não impediu que o filme concorresse à Palma de Ouro esse ano, levando uma menção honrosa do júri. No ano passado, o rioclarense e o grupo Kino-Olho já haviam concorrido com o curta “Command Action” na semana da crítica, também no Festival de Cannes. “Quando fui selecionado para Cannes me perguntava como um projeto do interior poderia ter tanto destaque. E o que me respondiam é que eles não querem um segundo Tarantino, um segundo Spielberg, mais sim uma coisa muito autêntica e um olhar muito único”, disse aos estudantes. 

Sobre seu estilo de trabalho, falou sobre as atuações, que são feitas por atores não profissionais, o que mescla uma estética documental com a ficção. E afirmou: “eu gosto de trabalhar a simplicidade em meus filmes, mostrar a periferia, a pessoa que está na janela, o que as pessoas normalmente não veem”. 

O “Lab” de Comunicação da RPC 

A proposta é criar um laboratório que envolva comunicação, cinema, design tecnologia e inovação para desenvolver talentos e projetos multidisciplinares. Neste ano o projeto une pela primeira vez alunos de Comunicação, Design, Tecnologia e Cinema para desenvolver dois grandes projetos, em duas categorias: “Novas Experiências”, com 60 projetos selecionados, e “Mini Docs”, com 30 roteiros. Além de espaço para desenvolver os projetos escolhidos, de junho a setembro serão ministradas palestras com profissionais da emissora e externos sobre o momento do meio televisão e digital, produção e gerenciamento audiovisual, metodologia, processos, pesquisa e inovação, entre outros.