Para diminuir tempo de permanência em UTIs, cresce importância de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas na pandemia

 

 

 

Para diminuir tempo de permanência em UTIs, cresce importância de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas na pandemia

Cirurgia para remoção do tumor de hipófise é realizada pelo SUS em hospital de Curitiba e envolve equipamentos de alta tecnologia

Com a escalada da demanda por UTIs na pandemia e do tempo de permanência dos pacientes nas unidades, procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos têm se mostrado um apoio nesse momento em que todo o sistema de saúde está pressionado. Desde o início da pandemia, o tempo médio de internação dos pacientes com Covid-19 passou de 10 para 14 dias, segundo levantamento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Nesse contexto, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) orientou recentemente que os procedimentos eletivos devem ser avaliados para que os leitos de UTI e internação sejam priorizados para os casos graves de coronavírus. Com isso, para a realização de outras intervenções, as cirurgias devem ser de menor impacto para facilitar a atuação dos profissionais e instituições de saúde.

E é aí que procedimentos menos invasivos para casos de grande impacto para o paciente são uma importante saída por reduzirem o tempo de internação no pós-operatório. Um exemplo é a cirurgia para retirada de adenomas da glândula hipófise, um tipo de tumor cerebral que, por comprimir estruturas do cérebro, pode levar o paciente a problemas de visão e alterações hormonais. Um dos tipos de adenoma hipofisário é o secretor de hormônio do crescimento. Essa doença também é conhecida como acromegalia e pode acarretar aumento das extremidades, como mãos, pés, língua e enrijecimento das articulações. No Hospital Universitário Cajuru, que, por não ser referência em Covid-19 em Curitiba (PR), atende a maioria dos casos clínicos e de trauma da região, os pacientes costumam ficar apenas um dia na UTI após a realização da cirurgia.

Segundo o neurocirurgião Carlos Alberto Mattozo, um procedimento de rápida recuperação faz com que a permanência na UTI seja reduzida, o que é um alívio no contexto de pandemia que pressiona o sistema de saúde como um todo, pela superlotação dos leitos. “Com a alta demanda por leitos na UTI, é importante investir em técnicas que evitam longos períodos de recuperação no hospital. Por meio dessa cirurgia, os pacientes podem ficar na UTI por apenas um dia, o que diminui a demanda por leitos e deixa à disposição novas unidades para o tratamento de pessoas diagnosticadas com Covid-19. No caso do Hospital Cajuru, as UTIs são destinadas para pacientes de trauma e casos clínicos que demandam um longo período de internação”, afirma o neurocirurgião.

Procedimento minimamente invasivo

Nessa cirurgia, o acesso ao tumor localizado no cérebro é feito pelo nariz utilizando um sistema de vídeo. É o que faz ela ser considerada minimamente invasiva, com um tempo menor de recuperação no pós-operatório. “O fato de não precisar fazer uma craniotomia, de não precisar abrir o crânio do paciente, que é um procedimento muito invasivo e traumático, e simplesmente conseguir retirar pela narina, traz muitos benefícios. E nós do Hospital Cajuru temos experiência na realização desse procedimento com o auxílio também de equipamentos que contribuem para uma cirurgia segura, precisa e de qualidade”, afirma Mattozo.

A cirurgia fez a diferença na vida da costureira Marilza Aparecida, que descobriu o tumor de hipófise ao fazer uma consulta de rotina com o otorrinolaringologista. “Por causa da produção excessiva do hormônio do crescimento, eu não conseguia nem mexer os dedos. Meu joelho e nariz ficavam muito inchados. Eu tinha até dificuldade para falar por causa do inchaço na minha língua e sentia muita dor”, conta.

Após muitas tentativas e encaminhamentos para realizar a cirurgia, a moradora de Paranavaí (PR) viajou para Curitiba para realizar o procedimento no Hospital Universitário Cajuru. A neurocirurgia foi feita 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Na minha cidade não tinha o equipamento necessário para realizar a cirurgia. Depois de muito tentar, consegui o encaminhamento para o Hospital Cajuru que, além de ter a equipe médica especializada, apresentava toda a estrutura necessária para realizar essa cirurgia. Eu me sinto muito sortuda e agradecida por ter conseguido essa cirurgia pelo SUS em um hospital tão qualificado. Não teria condições de pagar por esse procedimento no particular”, diz Marilza.

A paciente também revela as principais mudanças após a cirurgia. “Hoje eu consigo me movimentar com mais facilidade e até a minha fala melhorou. Pequenas coisas, como colocar um sapato que eu gosto, são possíveis hoje, porque antes tudo era muito inchado, o que dificultava bastante”, afirma.

Rápida recuperação

O médico perito judicial de Florianópolis (SC), Norberto Rauen, viajou até Curitiba para realizar o procedimento com a mesma equipe no Hospital Marcelino Champagnat e, nesse caso, o neurocirurgião diz que não foi necessário o paciente ficar na UTI. “Para evitar a permanência em uma unidade de terapia intensiva, ele ficou um pouco mais no centro cirúrgico, na sala de recuperação, e passou sua primeira noite no quarto. Para o paciente, foi uma experiência positiva porque pôde voltar mais rápido para a família”, afirma.

Para Norberto, que conviveu com o tumor por 60 anos, a ansiedade em realizar o procedimento foi ainda maior, já que também é um profissional da área da saúde. “O médico é o pior paciente que pode existir para quem vai tratar, porque conhece as intercorrências e as complicações. Felizmente a minha cirurgia evoluiu sem intercorrências e sem complicações. No outro dia foi realizado um exame de imagem e tomografia que comprovou o sucesso na ressecção cirúrgica do tumor, sem afetar outras estruturas nobres daquela localização. Só tenho a agradecer à equipe médica”, conclui.

Sobre o Hospital Universitário Cajuru

O Hospital Universitário Cajuru é uma instituição filantrópica com atendimento 100% SUS. Está orientada pelos princípios éticos, cristãos e valores do Grupo Marista. Vinculado às escolas de Medicina e Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), preza pelo atendimento humanizado, com destaque para procedimentos cirúrgicos, transplante renal, urgência, emergência, traumas e atendimento de retaguarda a Pronto Atendimentos e UPAs de Curitiba e cidades da Região Metropolitana.