Pandemia amplia possibilidades para freelancers

Pandemia amplia possibilidades para freelancers

A pandemia de Covid-19 trouxe muitas mudanças para a vida em sociedade, especialmente para a forma de trabalho de boa parte das pessoas. Mesmo as empresas mais tradicionais tiveram que se adaptar ao trabalho remoto para garantir a segurança dos seus funcionários e atender aos protocolos sanitários exigidos para o momento.

Esse movimento quebrou a resistência das empresas ao trabalho exercido pelos profissionais freelancers, aqueles que atuam por projeto, sem vínculo empregatício. Os líderes perceberam que é possível ter boas entregas, dentro do prazo, sem a necessidade da presença física e do controle constante.

A mudança de pensamento vem em boa hora, já que, com a crise econômica provocada pela Covid-19, veio também o aumento no número de desempregados que, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegou a 13,9 milhões no último trimestre de 2020.

Esse panorama fez mais pessoas buscarem formas alternativas de trabalho e os “frilas”, que antes eram fonte de renda extra, passaram a ser a principal ou a única fonte de renda para muitos profissionais. De acordo com pesquisa realizada pela Workana, plataforma que reúne profissionais e empresas em busca de freelancers de diversas áreas na América Latina, houve um aumento de 32% no número de cadastros somente até outubro do ano passado.

Entre as vantagens apontadas por quem opta por esse esquema de trabalho estão a flexibilidade de horário, a possibilidade de atuar em qualquer lugar, de escolher os projetos dos quais deseja participar e de não precisar se limitar a um salário fixo. Por outro lado, para se ter sucesso nessa função, é necessário ter controle da vida financeira para evitar imprevistos, gerenciar bem o tempo para evitar a procrastinação, ter senso de prioridade, proatividade, adaptabilidade e resiliência para lidar com os altos e baixos.

O levantamento feito pela Workana mostra ainda que 19% das empresas admitem mudanças na forma de trabalhar e de buscar talentos, sem limitações geográficas daqui para frente. Ficou clara ainda a tendência pela busca cada vez maior por freelancers e profissionais independentes para atender às demandas das empresas.

As áreas que mais se destacam na busca por profissionais freelancers, segundo o estudo, são tradução, produção de conteúdo digital, design e tecnologia – que, tradicionalmente, já estavam habituadas a contratar por meio desse regime. No entanto, há novidades no mercado: engenheiros, administradores, contadores e advogados também passaram a ser procurados para contratos freelancers.

Como ser um freelancer?

O primeiro passo para se tornar um freelancer é obter um registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Uma das maneiras mais simples é por meio do cadastro como microempreendedor individual (MEI). O processo pode ser feito on-line e há apenas três exigências: faturamento anual limitado a R$ 81 mil, o titular não pode ser sócio, administrador ou titular de outra empresa e o empreendimento pode ter, no máximo, um contratado.

Entre as vantagens de se optar pelo MEI estão a possibilidade de emissão de nota fiscal - exigência comum por parte de quem contrata serviços freelancers -, a cobrança de impostos mais barata, a cobertura do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), entre outros. Isso dá mais segurança ao profissional, que não conta com as regalias e direitos comuns ao regime de contratação tradicional.
Freelancer internacional

Ao formalizar o micro empreendimento individual, o profissional amplia seu leque de oportunidades, podendo, inclusive, oferecer seus serviços para fora do país. A tecnologia favorece não só o trabalho remoto como o pagamento dos serviços, que pode ser feito por meio de transferência internacional.

Para isso, é necessário providenciar alguns documentos específicos a fim de garantir a legalidade da transação. O Ministério da Fazenda exige fatura invoice, contrato de prestação de serviços internacional, commercial invoice, nota fiscal de serviço eletrônica (NFS-e) igual à emitida para serviços prestados no território nacional e contrato de câmbio feito entre o exportador e uma instituição financeira que fará a conversão da moeda estrangeira.

Nesse caso, é preciso fazer o registro de todas as atividades comerciais no Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio (Siscoserv).