Neste final de semana, Denise Fraga vive Galileu Galilei no espetáculo de Brecht

Neste final de semana, Denise Fraga vive Galileu Galilei no espetáculo de Brecht 

Com direção de Cibele Forjaz, espetáculo tem três apresentações no Guairinha, de 17 a 19 de junho 

Este fim de semana Curitiba recebe a montagem "Galileu Galilei", que chega após grande sucesso com temporada de estreia em São Paulo e passagem por 12 cidades. A atriz Denise Fraga vive o cientista italiano  perseguido pela Inquisição e que dá título ao espetáculo com texto de Bertold Brecht. São três apresentações a partir desta sexta-feira (17/6) no Teatro Guairinha. As sessões acontecem na sexta e sábado às 21h e no domingo às 19h. Ingressos à venda na bilheteria do teatro e pelo site www.diskingressos.com.br, para sexta a R$ 50 e R$ 25 (meia), sábado e domingo a R$ 70 e R$ 35 (meia).

A montagem foi eleita a melhor comédia de 2015 pelo Prêmio Arte Qualidade de Teatro, além de melhor direção para o trabalho de Cibele Forjaz pelo Prêmio Governador do Estado de São Paulo para a Cultura. No elenco, além de Denise, estão Ary França, Lúcia Romano, Théo Werneck, Maristela Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luís Mármora, Silvio Restiffe e Daniel Warren. 

SUCESSO DE PÚBLICO EM 12 CIDADES 

Quando protagonizou a produção “A Alma Boa de Setsuan”, escrito por Bertolt Brecht e que resultou em grande sucesso, a atriz Denise Fraga leu outro texto do mesmo autor: "Galileu Galilei". “Cada vez que eu lia o texto, um frisson invadia meu peito. A origem de um projeto de teatro para mim é quase como uma fofoca. Ao ler a obra,  é como se eu escutasse algo no ouvido que eu não pudesse deixar de passar adiante”, explica ela. O resultado desse sussurro inspirador é uma superprodução que já percorreu doze cidades e cumpriu temporada de sete meses em São Paulo, inclusive em CEU’s, colégios da periferia da cidade, e foi visto por mais de 80 mil pessoas. 

Depois de tomar coragem, Denise decidiu interpretar o grande cientista italiano redesenhado por Brecht, que aliou humor e ironia aos fatos históricos e expandiu seu texto para além dos acontecimentos. Dono de um texto popular, Brecht acreditava no poder de divertir para se comunicar. 

O PODER DA PALAVRA 

Para dar corpo ao projeto, Denise Fraga convidou Cibele Forjaz para assinar a direção, com quem já tinha trabalhado, na leitura de Ponto de Partida, de Gianfrancesco Guarnieri. “Quando Denise me convidou, juntou a fome com a vontade de comer: o desejo de voltar a trabalhar com ela e a vontade de revisitar Brecht, que já havia montado no final dos anos 90”, destacou Cibele. Fã do autor, a diretora enxerga em sua protagonista uma atriz incansável, uma operária do teatro. Denise, por sua vez, acredita que Cibele é dona de uma sensibilidade que eleva a caixa cênica à dimensão dos sonhos. 

Segundo a atriz, a grande estrela de Galileu Galilei é o poder da palavra. A clareza de raciocínio, o humor, o percurso da história, que conduz a um estado de reflexão. Se, em “A Alma Boa”, a questão principal era: “Como ser bom e ao mesmo tempo sobreviver no mundo competitivo em que vivemos?”, em Galileu, ela extrapola os limites do individual e pergunta: “Como posso ser fiel ao que penso sem sucumbir ao poder econômico e político vigente? Como contribuo para o avanço social sem me preocupar unicamente com meu conforto individual?” 

O espetáculo propõe uma reflexão sobre o que somos, o que viramos, o quanto abandonamos de nós, a luta de classes, o “ser mandado” e “ser patrão”, a tirania do poder econômico, as liberdades de escolha e o preço a pagar por elas. “O que eu espero é divertir as pessoas com um espetáculo festivo e fazê-las sair do teatro pensando em qual será a nossa alternativa para escapar desta areia movediça. Reiterar a fé na ideia de que o conhecimento e a razão humana ainda são os melhores instrumentos de luta contra a repressão, a injustiça, a miséria e o único caminho possível para o avanço social”, acredita Denise. 

SINOPSE 

Na Itália do século XVII, Galileu consegue construir um telescópio mais potente do que os já existentes e explora o céu de forma inédita. Com os satélites de Júpiter, ele finalmente comprova a doutrina de Copérnico, de que o Sol seria o centro do Universo e a Terra se moveria ao redor dele. Galileu passa a defender e a propagar esta ideia, apesar de saber que contrariava os preceitos da Igreja.  Movido por sua nova e científica verdade, o genial estudioso viu os poderosos virarem as costas para os fatos que comprovava. Em tempos de Contra Reforma, como postular que Deus não era o centro do universo? Nem mesmo o prestígio e as amizades influentes o protegeram: Galileu foi perseguido pela Santa Inquisição, processado duas vezes, ameaçado de tortura e obrigado a negar publicamente suas descobertas. Somente três séculos depois de sua morte, o processo foi revisto e ele recebeu absolvição por parte da Igreja. 

Brecht coloca em xeque o herói, seu significado social, a discutível necessidade de sua existência numa sociedade que compromete a liberdade em seus inevitáveis jogos de poder.  Com isso, chama toda a plateia para compartilhar de sua questão.  “Galileu Galilei nos faz acreditar que a história do mundo foi construída por homens que tinham suas fraquezas e dúvidas misturadas a seus atos de coragem e clareza”, atesta Denise. 

MONTAGEM 

O espetáculo da diretora Cibele Forjaz desvenda o fazer teatral diante do público, com atores que manipulam o cenário e fazem a contrarregragem diante do público. Juntos, os dez atores trazem à cena uma profusão de formas, conceitos, paródias grotescas, cenas pungentes, emoção e riso, um estranhamento carnavalizado com a intenção de, talvez, criar um espetáculo genuinamente épico brasileiro.  O elenco mistura atores parceiros de longa data de Denise e de Cibele: Ary França, Lúcia Romano, Théo Werneck, Maristela Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luís Mármora, Silvio Restiffe e Daniel Warren estão em cena para contar a saga do cientista. 

A trilha sonora de Lincoln Antônio e Théo Werneck cria novas canções, ambientes sonoros e reinventa músicas originais de Hanns Eisler para a obra original de Brecht. Márcio Medina cria um espaço cenográfico que valoriza as inúmeras analogias ao movimento circular sugerido pelo texto. Os figurinos de Marina Reis passam pela Renascença e chegam até o futuro próximo, ora identificando épocas, ora sugerindo a atemporalidade das questões. A luz de Wagner Antônio contribui para criação de climas e espacialização, valorizando  a ótica e a luz tão estudadas por Galileu. 

Ficha Técnica: 

Direção Artística: Cibele Forjaz

Adaptação/Dramaturgia: Christine Röhrig, Cibele Forjaz, Maristela Chelala e Denise Fraga

Elenco: Denise Fraga, Ary França, Lúcia Romano, Théo Werneck, Maristela Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luís Mármora, Silvio Restiffe e Daniel Warren

Cenografia: Márcio Medina

Trilha Sonora: Lincoln Antônio e Théo Werneck

Iluminador: Wagner Antonio

Figurinista: Marina Reis

Visagista: Simone Batata

Preparação Corporal e Coreografia: Lu Favoretto

Preparação Vocal: Andrea Drigo

Fotos: João Caldas

Programação Visual: Philipe Marks

Produção Executiva: Lili Almeida

Direção de Produção: José Maria

Produção: NIA Teatro