Dia Internacional de Luta Contra o Câncer na Infância

Dia Internacional de Luta Contra o Câncer na Infância

Dra. Mara Albonei Pianovski* 

No dia 15 de fevereiro é comemorado o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer na Infância. Essa data foi escolhida em Luxemburgo, em 2001, pela Confederação Internacional de Pais de Crianças com Câncer, o objetivo é realizar uma campanha para conscientizar as pessoas sobre seus sinais e os sintomas. 

Para apoiar esta missão, selecionamos um tipo de câncer, cujo diagnóstico depende da percepção da família e sua persistência na investigação. Trata-se de um tumor chamado retinoblastoma, que se desenvolve na retina, camada de células que reveste internamente a porção posterior do olho.

Sua incidência é de 1:18.000 crianças nascidas vivas por ano. Não apresenta predileção racial ou por sexo. Aproximadamente, 80% dos casos podem ser diagnosticados até a idade de três a quatro anos, com idade média de dois anos. 

Nos Estados Unidos, a maioria dos diagnósticos é feita enquanto o tumor permanece intraocular, sem se estender para fora do olho. Este fato é muito importante, pois tumores diagnosticados precocemente podem ser tratados com grande chance de cura para a criança e, muitas vezes, preservando a visão, através de tratamentos como o laser e a crioterapia.

Contudo, nos países em desenvolvimento, o diagnóstico é frequentemente feito somente após comprometer a anatomia do globo ocular, com aumento de volume do olho ou com extensão para a órbita. Nesta situação, o tratamento é mais agressivo, podendo ser necessária a cirurgia de retirada do olho, a quimioterapia e a radioterapia.

Há duas formas de apresentação do retinoblastoma: uma delas é hereditária, já a outra é chamada esporádica, pois não se transmite de pais para filhos. Nos pacientes com retinoblastoma hereditário, geralmente são afetados ambos os olhos, surgem vários pequenos tumores dentro do olho e as manifestações clínicas são mais precoces.  Nos esporádicos, há comprometimento de um olho somente.

Em mais de 70% dos casos, quem primeiro percebe alguma anormalidade no olho da criança são os familiares.

O sinal mais frequente (60%)  é chamado de leucocoria: a pupila aparece esbranquiçada, mais visível quando se incide a luz sobre ela, originando um reflexo conhecido como “olho do gato”. Também pode ser identificada em fotos com flash.  O segundo sinal mais frequente é o estrabismo (desalinhamento dos olhos que apontam em direções diferentes): embora ocorra fisiologicamente no primeiro semestre de vida, para o retinoblastoma deve ser valorizado, principalmente, quando o olho é desviado para fora e de forma fixa.  O terceiro tipo de manifestação clínica é caracterizado por alterações inflamatórias associadas ou não a glaucoma e pode ser confundido com infecção. A criança adoece, mostrando-se irritada, devido dor.

Quando os familiares perceberem um sinal suspeito devem levar a criança para ser examinada por um oftalmologista ou procurar um serviço de oncologia pediátrica que possa agilizar o exame de fundo de olho. Após o diagnóstico de retinoblastoma, aconselha-se que outras crianças da família sejam examinadas já nos primeiros meses de vida, para efetuar o diagnóstico o mais precoce possível. A sobrevida e cura de pacientes com tumor diagnosticado precocemente e tratados de forma adequada, por equipe multiprofissional, é de mais de 95%. 

*Dra. Mara Albonei Pianovski – chefe do Departamento de Pediatria do Hospital Erasto Gaertner