Calor aumenta riscos de problemas de circulação
Presente em quase metade da população, varizes exigem cuidados redobrados nessas épocas do ano. Quando não tratada, a disfunção pode ter sérias complicações ao paciente
Ocasionadas pelo enfraquecimento da parede venosa, as varizes afetam quase 40% da população, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Nas mulheres, é ainda mais comum: 45% delas convivem com o problema. Mesmo que menos recorrente, o número de casos entre os homens também faz parte das estatísticas. 30% deles têm varizes. Já nos idosos, esse número é ainda mais alto: 70% das pessoas acima dos 70 anos podem ter a disfunção. Embora seja uma questão considerada estética para muitos, as varizes, quando não tratadas, podem desenvolver complicações bem mais sérias para o paciente, que às vezes desconhece os possíveis desdobramentos desta doença silenciosa.
Normalmente no segundo semestre, com a volta das altas temperaturas, os sintomas são ainda mais evidentes, já que as veias se dilatam. Isso porque, nesse período, o corpo precisa favorecer a transpiração e fazer uma troca de calor com o meio ambiente para que a pressão não fique muito alta. Além disso, entre os principais motivos que causam a dilatação das veias está o fato do ser humano permanecer em pé durante muito tempo em sua vida, pois a longo prazo, o aumento da pressão nas veias das pernas dificulta o retorno do sangue dos pés ao coração.
“Alguns dos fatores não podem ser prevenidos como a hereditariedade e no caso das mulheres o ciclo menstrual e a gravidez. Mas são fatores causadores a obesidade, o sedentarismo, o tipo de trabalho desenvolvido pela pessoa e no caso das mulheres a gravidez e fatores hormonais. Por isso, é essencial ter hábitos saudáveis”, explica o especialista em angiologia, cirurgia Vascular e endovascular, Dr. José Fernando Macedo, do Instituto de Angiologia e Cirurgia Vascular de Curitiba (IACVC).
Alguns sintomas funcionais comuns são o inchaço nos tornozelos, dor, sensação de cansaço e peso nas pernas, principalmente no final do dia, além do fator estético. O diagnóstico pode ser feito por meio de exame clínico e físico que avaliam a rotina, histórico familiar, profissão, características dos sintomas e hábitos de vida.
Risco e Tratamentos
Quando não tratadas, a longo prazo, as varizes podem causar sérias complicações ao paciente. “Com a veia dilatada, sua parede mais fina e a pressão aumentada em seu interior, durante muitos anos, corre-se o risco da chamada dermatite ocre. Outra complicação é a tromboflebite superficial, na qual se forma um coágulo no interior da veia dilatada e causa dor e inflamação em seu trajeto. Caso esse trombo esteja muito próximo de alguma veia profunda, deve-se tratar com anticoagulantes para esse trombo não causar uma trombose venosa profunda e com complicações mais graves. A última, se não tratada, pode levar a embolia pulmonar”, alerta o médico especialista em cirurgia vascular e endovascular do IACVC, Dr. Rodrigo Macedo.
O tratamento mais comum é a retirada das varizes através da cirurgia tradicional, onde as varizes e as safenas são retiradas. Entre as técnicas mais recentes está o uso do endolaser e da radiofrequência para o tratamento das veias safenas. Este tratamento é indicado para pacientes acima do peso e para os mais idosos, pois após algum tempo da cirurgia, podem surgir outras varizes. Outra técnica utilizada nos últimos anos, novidade em muitos consultórios, é a escleroterapia das safenas e varizes com espuma, podendo ser realizada até mesmo no próprio consultório médico.